O pastor Rafael Alves Ferreira (foto), 31 anos, moverá uma ação judicial pedindo indenização de R$ 1 milhão por danos morais contra a Igreja Mundial do Poder de Deus, depois de denunciar que foi vítima de espancamento por parte de outro pastor, colega de trabalho, em Cuiabá.
Após ser expulso da entidade por suposta homofobia na semana passada, ele registrou um boletim de ocorrência revelando ter sido espancado por outro colega pastor dentro da unidade de Cuiabá. Rafael afirma que o preconceito surgiu por terem descoberto que manteve relações sexuais com homens antes de se converter.
“Fui o primeiro membro a ser expulso da igreja por homofobia. Agora eles estão me caluniando, dizendo na TV da igreja, que está no ar 24 horas, que saí porque me flagraram com outro homem. Isso é uma mentira. Até poucos dias atrás eu era um pastor de confiança e, agora, estão me denegrindo dessa maneira perante a todos os fiéis, porque não fiquei calado após a agressão”, lamentou Rafael.
Na igreja, que está há um ano, o fiel se tornou conhecido como o pastor “Rafael de Jesus”. Ele comandava até o dia 5 deste mês a Geração Jovem Mundial. Na madrugada do dia 6, 00h30 ele foi surpreendido com agressões físicas enquanto dormia. Acordou apanhando do segundo bispo, identificado apenas como pastor Jademir no boletim de ocorrência no Cisc do Verdão. Jademir teria sido transferido do Centro para a congregação do CPA II, após a confusão.
“Ele (Jademir) me deu um tapa no rosto e um murro bem forte no peito. Depois, me encostou na parede me enforcando e me mandando pedir desculpas, dizendo que quem mandava ali era ele. Me jogou no chão e fiquei gritando por socorro. Apesar de ter várias pessoas do lado de fora, ninguém abriu a porta para saber o que estava acontecendo e me ajudar”, relatou.
Por ser pastor da igreja na época, Rafael dormia em um quarto dentro da igreja, na rua Barão de Melgaço, assim como fazem os demais membros. “O pastor fez cópia da chave de todas as portas, entrou e me espancou”, acusou. A vítima conta que apesar de ninguém no local o ajudar, depois, subiu até o escritório e três pastores que estavam no prédio o levaram até a casa do pastor Sidney Furlan, autoridade máxima da instituição em Mato Grosso.
“Na casa dele o pastor Sidney pediu que eu não registrasse boletim de ocorrência e atendi ao pedido. Contudo, ele não puniu o pastor que me agrediu. Quatro dias após o ocorrido, mandou me comunicar que eu não poderia mais frequentar a igreja porque havia um boato de que eu estava me relacionando com um homem. Não tive direito nem de me defender”, disse. Rafael afirmou estar sendo alvo de piadas homofóbicas dentro da igreja, feitas principalmente pela cúpula.
Rafael contou que deixou de ser homossexual em 2008, após uma série de decepções com a “vida mundana”. Ele se converteu e, em seguida trocou de igreja pela oferta de ser tornar pastor na Mundial. “Quando descobriram na igreja que eu já havia sido gay, todos mudaram comigo”, lamentou. A reportagem ligou para a Igreja Mundial do Poder de Deus, mas a telefonista disse que ninguém falaria do caso.
Fonte: Diário de Cuiabá